22 maio 2010

SONHOS EXTRAVIADOS

Sonho pode ser uma aspiração, um desejo, ideal ou ambição. Sonho acordado, é claro! Essa espécie de sonho nasce lentamente e cria raízes na imaginação. Sonho é um desejo fecundo, se prolifera e multiplica em cadeias invisíveis sempre na espera de acontecer.

Sonho não tem idade, não envelhece. Até porque se prestarmos bastante atenção, veremos que os que têm um sonho se conservam joviais, ao contrário dos acham que sonhar é bobagem inconseqüente.

E o brilho? Já perceberam o brilho nos olhos de quem busca seu sonho?

Quando o sonho se concretiza em realidade, a vibração é tão íntima quanto a descoberta do amor. É um momento único em que a alma transborda, se aquece, se renova.

Porém, a regra geral é a de que o sonho não passe de sonho mesmo. Poucos se realizam. São exceções.

E quando não se realizam por onde vagueiam? Onde os sonhos extraviados vão parar?

Nunca encontrei sonhos em seção de perdidos e achados. Deduzo que sonho não se extravia, não muda de dono, de casa ou de cidade. Sonho é fiel, mesmo que deixe de ser de estimação. É mais provável que a gente se extravie do sonho. Esquecemos dele nalguma gaveta, em um labirinto de coisas guardadas para depois. E como temos sonhos deixados para depois! A viagem tão desejada aquele país exótico, o livro a ser escrito, a pós graduação, um relacionamento eterno enquanto dure e por aí afora.

Sonhos que se desdobram acotovelados entre as horas, devaneios meticulosamente planejados na expectativa de passarem do intangível ao palpável mas que, por “dá cá aquela palha”, por um motivo fútil, são endereçados à posta restante, apartados de nós por nossa própria escolha como se pudéssemos controlá-los. Mera pretensão de imprudentes. Os sonhos continuam despertos e vivos, desde que uma vez sonhados. Somos nós os extraviados. Os que deixaram escapar chances, os que perderam tempo, os que deixaram cair no esquecimento, os que atrapalharam os sonhos, os que se desgarraram da esperança.

Segundo o filosofo Aristóteles: “a esperança é o sonho do homem acordado”. E, por via de conseqüência, quando a desesperança e o desânimo têm livre franquia de acesso ao nosso mundo interior, desperdiçamos o sonho e perdemos o rumo num extravio tristonho.

“Se as coisas são inatingíveis, ora, não há motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos se não fora a mágica presença das estrelas” (Mario Quintana)

Preciso é colecionar sonhos, aspirações em profusão, enquanto há tempo. Pouco importa se realizaremos um ou outro desejo. O que vale é saber o que queremos e acreditar que poderemos conseguir alcançar a reta da chegada.

Os sonhos são residentes permanentes. Os clandestinos e extraviados são os que perdem a identidade com o que idealizaram.

Um comentário:

Dulce Miller disse...

Este texto me emociona de um jeito especial, ainda quero publicar no meu blog!