06 fevereiro 2011

MATIZES DA ALMA

Se ela é cor de rosa ou azul, não sei. Branca, talvez. Às vezes, cor púrpura outras, envolta em purpurina. Alma de cores múltiplas e variadas.

Dizem que é translúcida, sem contornos. Imensa e abrangente se desdobra para além dos limites corpóreos.

Alma não tem cor, dirão alguns. Alma é transparente. Concordo parcialmente porque tenho uma visão um tanto diferente.

Penso que a alma tem a qualidade de se metamorfosear e adquirir a cor característica e peculiar de cada momento que vivemos. Nas horas de alegria se veste de um azul límpido e claro. No redemoinho das paixões se adorna com tons de vermelho forte. Nos instantes de espera serve-se de verde e nas angústias apropria-se da cor roxa. Nas ocasiões em que sofre se envolve em um cinza escuro. Quando se surpreende amarela e se transforma no mais puro rosa quando está feliz.

Conheço gente muito especial que tem a alma cor de pérola. Sempre me vem à lembrança o espírito de bondade e gratuidade que essas pessoas possuem. E, também, existem aqueles que têm a alma de arco-íris. Esses são raros e poucos, é verdade. Mas saber que existem é um consolo imenso.

Por essas e por outras é que tenho a impressão de ver cores na alma. Pode até ser coisa de escritor, mas não deixa de ser um ponto de vista.

Eu sei por mim mesma. Se olhar o meu reflexo no espelho, percebo minha face do jeito que é e minha alma me espreita pelos meus próprios olhos louca de vontade de atravessar o espelho. E se permito, ela se esgueira para o outro lado e descortina a fisionomia de um universo invisível e pródigo. Como escreveu alguém a meu respeito: ”Além de MARIA, ela é ALICE, menina capaz de atravessar espelhos de fantasia, revelando o mundo mágico da existência, que é seu reflexo e seu reverso”.

As viagens de travessia são extraordinárias variantes porque, normalmente, a gente se olha de dentro pra fora e só enxerga o palpável.

Quando invado o espaço por detrás do espelho ganho nuances das mais inesperadas e a minha alma se matiza de luz e de transparência em paisagens de aquarelas pinceladas em tons suaves.

Através do espelho de dentro, sem pretensão maior do que uma simples observação, vejo a minha alma mudando de cor sem pudor algum, assim como quem se despe no silêncio e na penumbra de um aposento particular. Sei disso porque já a vi trocando de cor em muitas situações.

Talvez tenha sido por pensar assim que não me surpreendi com aquela criança, dizendo em tom muito firme de voz que o avô era azul e que a mãe era verde. Bonito. Muito bonito.

A cor da alma é a cor do sonho. Se por acaso, não sonhas: -És opaco.

Pincela tua alma, pois, com as cores de um arco-íris e pergunta a uma criança qual a cor que estás usando num determinado momento. Depois me escreve contando sobre a cor da tua alma.

Teremos muito sobre o que conversar, certamente!

Ah! Já estava esquecendo de mencionar que agora estou com a alma coberta de pirilampos num verde brilhante de esperança e de alegria.



4 comentários:

Unknown disse...

a cor nfinita da beleza
o imensidão perfeita do espaço inexploravel
nossos olhos se apaixonam
as conchas sonham com o milagre
de um dia explorar o céu mais colorido...

abraço das conchinhas

Priscila Lima

www.conchasbelas.blogspot.com

Lúcia Helena Brum Argoud disse...

Maria Alice... lindo artigo, obrigada... abraços

Milene Blödorn disse...

Meu corpo dança,
pois minha alma é música,
com ritmo e letras...
(Haicai - Alma musical)

Quando escrevi este haicai, não sei que cor tinha minha alma... só sei que ela tinha melodia...
Falar da alma e de seus mistérios é mesmo encantador!

Um abraço.
Milene Blödorn - São Lço do Sul

Silvia disse...

Hoje, novamente, teus textos me encantaram! Parabéns!