24 abril 2011

ESTILO (II)


Depois de três quarteirões, caminhando pela Madison Avenida, entre as ruas 50 e 51, em frente ao Rockefeller Center, chegamos na Catedral de Saint Patrick, que é a igreja mais famosa e uma das mais visitadas em Nova York, graças a sua localização, arquitetura, beleza e charme turístico.


Para nós, a visita tinha um toque mais do que especial. A emoção de entrar no templo, onde em várias passagens de Ano Novo, nosso pai assistiu a missas e rezou por suas filhas, foi visível através das mansas lágrimas. Ajoelhadas, agradecemos a chance daquela proximidade com o Amor que vence tempo e distância.

Falando em tempo, tínhamos que aproveitar cada minuto e nos pusemos rapidamente no rumo da próxima parada: o Central Park.


O frio era intenso mas não suficiente para desanimar a dupla dinâmica.

A paisagem invernal dava um toque fascinante em pinceladas de tons pastel nas árvores espalhadas pelo parque. Um convidativo passeio de carruagem se tornou indispensável. E foi exatamente o que fizemos. Fotos e mais fotos, olhos ávidos percebendo cada detalhe, ouvidos atentos às palavras do cocheiro, que nos relatava peculiaridades de um lugar que só tínhamos visto através de filmes. Naqueles minutos tudo era ao vivo nas cores do frio, é claro. E nem por isso menos belas. Ao contrário. Havia um ar bucólico e inspirador marcado pelo som das patas do cavalo num ritmo lento embriagante.

Do Central Park, retornamos pela famosa 5ª Avenida, admirando as vitrines coloridas das grandes lojas. Constatamos que o período natalino é um dos pontos altos da cidade quando se trata de enfeitar, de embelezar e de encantar com imaginativos detalhes suas ruas movimentadas. Nova York tem estilo que une o comum ao requintado com um toque de classe peculiar.

Seguimos até a 7ª Avenida e no cruzamento com a Broadway, entre as ruas 42 e 47, nos deparamos com um show de luzes, cartazes, teatros, lojas e uma multidão. Estávamos na esquina do mundo: Times Square.

Mais uma sessão de fotos e vídeos ao anoitecer, o que deixava todo o entorno faiscante naquele instante em que o ocaso do sol salienta a iluminação artificial.

Ainda sentindo, além do frio cortante de dois graus negativos, o ofuscar das luzes e o burburinho das pessoas, voltamos para o hotel. A programação para a noite nos reservava mais emoções e precisávamos de um intervalo, de uma parada básica.

Depois de um breve descanso, saímos para jantar num aconchegante restaurante próximo ao Rockefeller Center.

Tínhamos assistido pela televisão ao belíssimo espetáculo quando foram acesas as luzes da imensa árvore de Natal, mas estar ali frente a ela foi como tocar num sonho. As estátuas douradas que circundam a pista de patinação, impassíveis assistem a quedas e risos. Uma quantidade de gente de todas as idades, desfilava de patins numa diversão estimulante. Nós nos limitamos a observar e fotografar, é óbvio. Aventuras desse nível estavam fora do nosso alcance. Tudo por causa do frio, é claro. E que ninguém ouse sugerir outras razões.

O desafio a seguir era subir at the top of the Rock e ver a cidade desde o Observation Deck. Fantástica visão de trezentos e sessenta graus do alto do 70° andar. Os elevadores são tão acelerados que nem se percebe a altura que atingimos.

Perdemos o fôlego pela beleza das imagens panorâmicas e pelo vento forte que sibilava nas alturas.

O retorno ao hotel foi a pé. Os táxis passavam e não paravam. Eu me senti a própria personagem de filme, fazendo sinal com a mão e gritando: táxi, táxi... Inútilmente.

A cena final da noite foi a de um músico, tocando trompete numa das esquinas. Ao nos aproximarmos, ele fez uma reverência e começou a interpretar New York, New York. Confesso que esqueci do frio e dei todo espaço possível para a sensibilidade da alma. Sai de um clima para o outro.

(continua no próximo domingo)




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