01 maio 2009

SETE MULHERES

Do convívio com as mulheres, das quais sou descendente por laços de sangue, absorvi sábios ensinamentos que foram escorrendo através das conversas que mantivemos no decorrer das horas, dias, anos, décadas. Sempre havia algo de profundo a comentar a respeito de assuntos, aparentemente, superficiais. Aliás, com elas, era impossível viver na futilidade do corriqueiro. Tudo tinha fundamento, fortes alicerces, consistentes observações, colocações sempre muito oportunas que encaixavam as peças do quebra-cabeça da vida.
Sete mulheres especiais com identidades únicas, personagens extremamente diversas entre si, mas com um denominador comum: sabedoria.
Pudesse eu, falar com o gênio da lâmpada daquele conto das Mil e uma noites, pediria um reencontro para uma tarde em torno de uma mesa de chá, usufruindo da companhia dessas damas extraordinárias.
Cada uma delas desempenhou um papel peculiar e importante na minha história. Desde a infância até a maturidade, foi nos ouvidos delas que despejei meus devaneios e nos seus ombros que derramei minhas lágrimas de desencantos.
Nunca deixei de receber um consolo, uma palavra certa no momento necessário, um carinho nos gestos e nos olhares que me davam. Mas, principalmente, foi no baú da sabedoria dessas grandes mulheres que encontrei refúgio em meio as tempestades. Posso dizer que, no oceano da minha existência, tive sete faróis a assinalarem os perigos da escuridão, marcando as coordenadas no meu mapa de navegação.
Quis o decorrer da vida que eu fosse perdendo o convívio com algumas delas. Umas, a morte roubou. Outras, a distância afastou. Porém, guardo tão boas lembranças das nossas vivências que, muitas vezes, sou capaz de ouvir o som das suas vozes e rever suas faces expressivas na minha memória.
Agora, que se comemora o Dia Internacional da Mulher, casualmente, juntei um assunto ao outro porque preciso muito delas, no momento presente. Preciso encontrar o cofre onde guardei seus conselhos. Necessito de respostas para as minhas dúvidas, de força para a fragilidade do ato de sofrer, de conhecimento para saber como agir.
Elas deveriam ter me avisado que partiriam para longe, que sairiam para longas viagens. Deveriam ter deixado um reservatório, um manancial ao alcance das minhas mãos. Sinto-me órfã dos seus afetos. Que saudade tenho delas! Como escreveu Fernando Pessoa: -“As queria vivas hoje com a idade que hoje tivessem, se até hoje tivessem vivido.”
No fundo, estou me fazendo de rogada porque sei o que cada uma delas me diria num hipotético colóquio de fim de tarde. Eu ouviria frases, tais como: - “Vive o momento presente como ele se apresenta e deixa as angústias adormecerem no travesseiro”; “Nessa situação, o melhor é te fazeres de paisagem”; “Se existe algo que justifique tal atitude, então, vai em frente”; “Acredita!”; “Ama, ama e o resto virá por acréscimo!”; “Coragem, menina!”; “Deixa a pureza da tua alma ser o teu estandarte e confia!”; “Age de maneira que todos tenham sempre prazer de voltar a tua companhia”.
São tantas sábias palavras a relembrar que vou acabar escrevendo um livro sobre essas mulheres. Pode até não se tornar um best seller, nem se transformar em seriado de televisão mas será, com certeza, um tributo às sete mulheres, que me geraram em suas raízes e me alimentaram com a seiva de sangue, suor e lágrimas de uma raça de valentes e meigos exemplos do gênero: feminino; profissão: coragem.

2 comentários:

Zé Carlos disse...

Ah! Malice, vc é uma escritora fabulosa. É um prazer enorme vir aqui.
Venha tomar um cafezinho conosco. Bjs do Zé Carlos

Maria Alice Estrella disse...

Valeu!!!!!!