22 novembro 2009

ADAPTANDO



Fiz uma viagem no túnel do tempo, forçada pela situação causada pela falta de energia elétrica, depois de um temporal. Precisei espalhar castiçais pela casa para que as velas iluminassem a escuridão nos intervalos dos raios que luziam estrondosos na noite lá fora. Fiquei me sentindo inserida no cenário do filme “E o vento levou...”. Se estivesse usando um figurino daquela época, tudo ficaria completo.
Mas, saudosismos a parte, não foi agradável me adaptar ao “como era antes.” Meus ancestrais viviam sem o conforto que usufruo, graças ao processo criativo que as invenções oferecem na atualidade.
O telefone emudecido. A Internet desconectada totalmente. Para preparar um café voltei ao fogão a gás. Nem pensar na cafeteira.
Rendi-me ao inevitável e comecei a escrever com tinta o texto dominical numa folha de papel. O computador de nada me valia naquele momento. Essa adaptação é um recurso de que nos valemos para driblar os inconvenientes. Inconvenientes que, ironicamente, surgem para nos desacomodar.

E, por ironia, pensei num dos temas de enfoque da Jornada Nacional de Literatura desse ano e nas declarações do escritor Luis Eduardo Matta: A internet, queiramos ou não, é uma realidade para a literatura, sobretudo a fértil literatura que vem surgindo da pena (ou seria do teclado?), de jovens escritores, muitos dos quais talentosos e com bom domínio da escrita e que, por razões variadas, não se aventuraram pelo mercado editorial tradicional. Se a literatura e a internet farão um casamento duradouro – ou até mesmo eterno – ou se não passa de uma fase, isso ainda é uma incógnita. Eu, pessoalmente, tenho sérias dúvidas sobre se o livro de papel tal qual conhecemos irá desaparecer, como muitos prevêem; o que, naturalmente, não impede que um suporte eletrônico de leitura se consolide e ambos possam conviver sem atritos.”
Em plena realização da Feira do livro na praça principal da cidade, constato que a realidade é a do livro impresso, brilhando como estrela na constelação da arte literária. Visitar as livrarias é fascinante. Milhares de títulos, assuntos, autores estão expostos nas prateleiras num convite irrecusável à leitura.
A Internet é um utilitário, um instrumento, um veículo que a modernidade insere para facilitar, não como um fim, mas como um meio de difusão. É uma incógnita se essa união terá um final feliz de não beligerância e de harmonia.
No que me concerne, não abro mão de ter os livros à mão.
O mesmo acontece com a fotografia, por exemplo. A era digital permite que se guarde em arquivos virtuais uma infinidade de fotos que, para serem vistas, exigem só um clique no teclado. Os rolos de filme cederam espaço aos “chips” com memória de muitos “gigabytes”.
Gosto tanto, tanto mesmo,de ver fotos impressas em papel que as preservo em álbuns palpáveis ao toque e a visão.
Indispensável, também, é apalpar os livros enfileirados nas estantes e escolher um ou outro para me fazer companhia na intimidade de folheá-los, passeando pelas linhas do estilo e mergulhando nas entrelinhas do autor.

3 comentários:

Beatriz disse...

Maria Alice, parabéns por um blog tão bonito! Teu estilo, enfeitado por ricas imagens, sobressai pelo lirismo. Beijos carinhosos, Beatriz

Maria Alice Estrella disse...

Obrigado pelo carinho! Amei teres me visitado! Volta sempre!

Zé Carlos disse...

Boa noite garota Malice, saudades enormes de ti.
Que linda a sua foto do perfil, parece até que eu conheço!.
Faça quando puder uma visita, venha tomar um cafezinho paulista, será sempre muito bem-vinda.
Beijão do teu amigo