07 março 2010

FEMININO SINGULAR



Eram seis mulheres reunidas para um almoço de reencontro, sentadas ao redor da mesa numa tagarelice atordoante. Falavam todas ao mesmo tempo sobre vários assuntos e, de modo impressionante, todas se entendiam numa naturalidade invejável. Amigas de muitas décadas, afastadas pelas diversas correntes dos rios que desviam seus cursos e se estendem por distantes paragens, conseguiam, naquele momento, resgatar memórias e partilhar suas peculiares realidades num descontraído exercício de risos e lágrimas.
Todas tão diferentes umas das outras e, simultaneamente, tão parecidas, tão similares! O elo que as une é típico do gênero feminino, singular quando se solidifica a amizade na autenticidade e sinceridade que vence o tempo e atravessa fronteiras. 

Bonito, muito bonito vê-las assim juntas, confessando saudades, prometendo cartas, e-mail, posando para fotos.
Gratificada, retomo meu cotidiano com um sorriso feliz por me saber parte de um grupo fantástico de mulheres que lutaram inúmeras batalhas, enfrentaram feras e monstros, vibraram com sucessos imprevisíveis, construíram famílias, castelos, sonhos, plantaram árvores, escreveram com tinta, sangue e suor sua própria história no livro da vida.
Dispensando jogos de palavras, falar sobre a mulher, no dia internacional dedicado especialmente a ela, é enveredar por misteriosos e quase indecifráveis caminhos. Principalmente, quando uma mulher aborda o tema.
Uma escritora francesa disse:”Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos.” E isso se aplica aqui na exata proporção e perspectiva em que me coloco, porque olho para tudo de dentro para fora. Olho do jeito que sou, como sou.
O feminino singular é um feixe de luz e sombra. Assunto de profunda filosofia. Por ora, fico com a visão que tenho daquelas mulheres, confraternizando num dia de verão.
Extraordinárias mulheres que conseguem rir, acreditam que tudo vai melhorar e que o pior já passou.
Valentes personagens que acrescentam riquezas ao meu olhar e aos olhos da minha alma de mulher que as fita com orgulho, respeito e admiração.
Feminino singular.

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