04 janeiro 2010

2010 MOTIVOS

Ao ano de 2010 ofereço meu coração embrulhado em folhas de jornal. Meu coração é testemunha ocular dos acontecimentos dessa fase da história, documentando fatos como arquivo silencioso, perdido em gavetas e prateleiras, surpreso e encantado pelos avanços e retrocessos da humanidade.
E esse coração está farto e enfartado com os sonhos idealizados porque quer mais realizações e menos esperanças. Esperança coloca tudo no plano do etéreo e ele precisa do palpável.

Afora alguns bloqueios de somenos importância e congestionamentos de sangue à parte, nele sopra a força da vida. Foi, ele próprio, construindo pontes de compreensão em constantes cirurgias, energizado pela espontaneidade de pulsar, apesar dos sustos suspensos pelo fio do inevitável, dessas coisas que nos pegam sem aviso prévio e provocam arritmias descontroladas. Portanto, fica descartada a hipótese de possível doação pelos imprevistos que possa vir a ocasionar a quem o receba.
Entretanto, esse motorzinho fantástico, que continua funcionando em marcha lenta e em alta velocidade, já passou por inúmeras revisões de quilometragem, surpreendendo a gregos e troianos. A causa é o combustível de emoções que estão misturadas ao sangue e mantêm as válvulas em sincronia.
E a tarefa é caminhar rumo ao horizonte dos novos dias com o coração pendurado do lado de fora do peito, mostrando sua forma, sua cor, sem idade, sem tempo.
Que importam milênios para corações que se mostram e irrigam os campos férteis de ser, especialmente, humanos?
Ademais, tenho mais de duas mil e dez razões para estar aqui plantada como semente que se transformou em árvore e deseja sempre mais flores, folhas, frutos e nervos, músculos e veias.
E lá vêm os calendários, insistindo em marcar datas!
É sempre ano novo quando amanhece o dia e respiro o prazer de estar viva com a coragem de encarar o que vejo no espelho através dos olhos desse coração que é do mundo e tem mais de 2010 motivos para ser feliz. Dispensa marca passo, nem pretende marcar passo na sala de espera do fim de mais uma década.
O ano de 2010 é ano par e será ímpar. Eu acredito, firmemente, porque traz em si a simetria de números sonoros e harmônicos. É um ano de arremate. Responsabilidade imensa em suas costas. No entanto, tem o desafio de superar expectativas para proveito de muitos.
Tudo que vier será lucro de dois mil e dez e muito mais!

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