08 abril 2010

DE VOLTA PARA CASA


“A vida é uma viagem de volta para casa”. Ouvi essa frase em um filme alguns dias atrás e fiquei assimilando cada palavra como quem organiza um arquivo, lenta e cuidadosamente.
Sem a mínima pretensão de unir os pensamentos aos gestos, coincidentemente, nos dias que se seguiram, dei início ao trabalho de confeccionar a árvore genealógica da família, motivada pela descoberta de algumas fotografias antigas e certidões amarelecidas em papéis fragilizados pela ação do tempo com dados esclarecedores sobre as origens dos meus ramos familiares.

Apaixonante tarefa de relacionar fotos, datas de nascimentos, casamentos, óbitos de antepassados cujos laços se estendem e se espalham desde as raízes até a ponta dos galhos, que, aliás, parecem nunca acabar.
Uma coisa puxa a outra e a pesquisa provocou idas e vindas a cartórios, viagens por sites de busca na Internet (onde, inclusive, achei uma excelente ferramenta para construir a árvore genealógica) e consultas a memória de alguns remanescentes. Enfim, me embrenhei num trabalho enriquecedor.
O mergulho na cronologia e na biografia de personagens que constituem a minha própria história está sendo uma viagem fascinante. Busco as origens, os lugares de onde vim para saber onde vou porque a vida é uma viagem de volta para casa, afinal.
Descortino cenas, através da imaginação, tentando desvendar sentimentos em rostos que me olham imóveis através de instantâneos impressos no papel. As vestimentas marcam a época. As fisionomias muito sérias, revelam traços distintos.
Numa hierarquia harmoniosa os nomes e as datas se sobrepõem. Até onde consegui averiguar, portugueses, suíços, italianos, franceses imigraram para o Brasil por volta da década de 1800 e foram tecendo uma rede de relacionamentos, constituindo um tronco forte e vigoroso da família a que meus descendentes e eu pertencemos.
Faltam detalhes importantes que, ainda, persisto em buscar, de uma forma ou de outra.
O fato marcante é a consanguinidade que liga como aço cada geração. Sobrenomes se propagam até onde lhes permite o registro civil das uniões: Carvalho, Salenave, Pinheiro, Augé, Boscacci, Pertuzzi, Faget, D’Mutti, Vieira da Cunha, Soares, Maciel, Guillaume. A hereditariedade fala alto e a genética interage de pai para filho em bom tom.
Para chegar mais longe, terei que empreender esforços que, talvez, escapem ao meu alcance e possibilidades. Mas o desafio está feito e me encara de frente.
A pesquisa sempre foi uma das minhas predileções e é o exercício de perquirição, de garimpagem que vai me auxiliar a desvendar mais além, gerações anteriores que desconheço.
Merecido legado a deixar para meus descendentes que terão conhecimento das suas raízes num panorama da história traçada por seus ancestrais.
Estou desenvolvendo o tema e juntando as peças do “puzzle” a fim de chegar ao mais alto da árvore para me encantar com a paisagem vista lá de cima.
Pois, sem dúvida, a vida é uma viagem de volta para casa.

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