04 julho 2010

ALTERNATIVAS


É quase imperceptível, mas a imobilidade é quase uma regra quando se permite ficar preso as circunstâncias.
Algumas situações surgem pelo próprio curso da vida e se fica cingido a elas por inevitáveis motivos, outras, no entanto, são criadas por nós mesmos e nos amarram, também, de tal forma que não vemos as alternativas que podem vir a libertar-nos.
Há sempre uma saída. Um olhar de fora, uma estratégia de fuga, uma mudança de postura.
As oportunidades não devem ser descartadas. O melhor é encará-las e chamar para o abraço.
Normalmente, enquanto estamos vivenciando um momento de expectativa, é bem característica a conduta de submissão às regras que a situação impõe. A vulnerabilidade é o fator desencadeante pois enfraquecidos pelo incógnito do desfecho, concordamos em ficar na espera de que algo aconteça a nosso favor. Imóveis e quietos.
O bom da vida são as alternativas, sem dúvida. Porém, elas se fazem de rogadas. Só aparecem quando, de repente, nos mexemos, nos soltamos das amarras, abrimos bem os olhos e vamos em busca de outra estratégia.
Um detalhe muito importante é não perder de vista o que somos em essência. O jeito próprio de ser e de saber. Colocar em uso o aprendizado de viver que nos forjou ao longo dos dias em criaturas únicas e, consequentemente, fiéis a imagem esculpida pelo vento dos tempos. Imprescindível é a sabedoria que estudo algum proporciona. O saber de si nas lições que se vai aprendendo ao vivo.
Se as adversidades têm o poder de nos acovardar num primeiro momento, é justo e coerente que permitamos um lapso de tempo para que se acomodem os acontecimentos. Mas nada mais do que um período curto. Temos que colocar prazo na imobilidade. Princípio, meio e fim.
Tudo o que não tem solução, tem outra solução.
Venho tentando entender a razão que imobiliza o ser humano e não o deixa ver novos caminhos, outras alternativas.
Comigo, o que liberta é uma chamada externa de desacomodação, um puxar de orelhas repentino quando me percebem amarrada, amordaçada, restrita, deixando de ser o que, realmente, sou para me amoldar ao estipulado pelo acaso.
Algum tempo atrás, estava eu constrangida ao que a realidade colocava no meu prato. Incapaz de enxergar um palmo a frente do nariz. Dançava conforme a música: “são dois pra lá, dois pra cá”...
Alguém teve a lúcida idéia de me dizer que eu não era assim. Colocaram o dedo na minha moleira. Franzi a testa e, sem reclamar, concordei.
Foi um tal de questionamentos internos, de ir para a frente do espelho que só eu vejo, de pensar daqui e pensar dali e pronto. Soltei os grilhões e tirei a venda dos olhos.
As alternativas começaram a surgir faceiras e alvoroçadas. Estavam a minha espera, a espera de que eu saísse do conformismo, da limitação imposta por mim mesma, quando deixei de ser do meu jeito, quando permiti que a acomodação ditasse as normas.
Estou leve e solta dentro desse ilimitado universo de oportunidades que a vida oferece aos que querem realizar suas vontades sem medo de soltar as amarras.
Existe sempre uma alternativa. Há que descobri-la. Há que pegá-la sem medo do risco, sem medo de ser feliz.



Nenhum comentário: