26 julho 2010

SAZONAL

Alguns fatos ocorrem em um determinado período de tempo, geralmente, curto em relação ao todo. São esporádicos. Existe a gripe sazonal, a depressão sazonal, o desemprego sazonal, a fruta sazonal e assim, um sem número de acontecimentos se sucedem no espaço do ano.
Recapitulo meus dias no que se refere a felicidade sazonal. E a pergunta oportuna surge, desacomodando as lembranças e selecionando momentos. Em que épocas a felicidade apareceu me envolvendo com seus encantos? Quando se esvaiu, sumiu, diluiu por entre as horas?
O que pensava eu ser fácil de avaliar, se tornou uma questão de extensas e intensas perambulações pelas reminiscências.


Confesso que realizei uma viagem de retorno. Revi lugares, pessoas, paisagens, emoções, buscando sempre reviver as sensações que me alegraram, que me fizeram sorrir por dentro e por fora, que me gratificaram.

Armazenei na memória os segredos dos caminhos. Não perdi o mapa do tesouro. Revivi os êxtases e os pequenos contentamentos. Tudo ali intacto no arquivo envolto em papel de seda invisível.

A felicidade sazonal esteve, e está sempre, a me rondar. Ela é minha parceira, sem dúvida.

As épocas se entrelaçam e a felicidade se entremeia através delas como agulha, percorrendo o tecido da alma, pespontando aqui e ali na sinuosidade das estações.

Separo o joio do trigo, involuntariamente, mas mesmo assim não fico imune aos toques da felicidade que abundantemente me acometem.

E o mais extraordinário é que, a cada dia, a felicidade me surpreende, batendo na porta e pedindo para adentrar na minha vida.

Deixo as recordações de lado e me instalo como proprietária da atual realidade. Reconheço e recebo com pompas e honras a visitante ilustre.

Ser ou estar feliz é sazonal, sim. É intenso e marcante. Exige perspicácia e sensibilidade para sorver com lentidão o conteúdo do cálice com néctar das flores da felicidade. Todo o instante traz consigo uma chance de tocar e ser tocado pela felicidade.

Faço uma lista longa com datas e fatos e desvendo as rotas que a felicidade traçou em mim, os motivos que me deu para sentir o coração aquecido de ventura.

Se a felicidade escapuliu em dias sombrios não empanou o brilho das manhãs ensolaradas. Sobrevivi como sobrevivem os que reconhecem a face bonita da existência e sabem que tudo tem a sua época, a própria estação, o período devido para dar frutos.

E não foram poucas as vezes em que derramei lágrimas de dor. Lágrimas que lapidaram os meus olhos de tal forma que me permitem enxergar o lado bom do cotidiano.

Afinal de contas, felicidade é sazonal e está implícita nos movimentos visíveis e invisíveis que nos envolvem no espaço e no tempo.

Valorar pequenas alegrias é um dos segredos para estar na companhia da felicidade sempre que possível.

Pensei nas razões que possuo para ser feliz e as achei. Que tal fazeres o mesmo? Vais te surpreender com o gratificante resultado.

Nunca é tarde demais para aproveitar a oportunidade de descobrir a felicidade no sazonal de agora.







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