12 agosto 2010

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

Presto muita atenção quando os jovens falam. Noite dessas, reunidos estávamos em torno de uma mesa, conversando e comemorando o fato simples de estarmos nos conhecendo.

Senti que estava à vontade para falar de minhas histórias, preparando terreno para escutar as deles. Comecei o desabafo para que eles reconhecessem a identidade que unifica e simplifica todas as coisas.

Logo depois, um por um, foi relatando a sua caminhada plena de experiências e ensinamentos. Afirmavam verdades incontestáveis porque geradas através de vivências dolorosas no terreno fértil do coração. Em cada desencanto, um aprendizado. Todos apaixonados pela delícia de viver, todos fascinados pelo amor. Amor homem e mulher, canto e flor, bilhete e telefonema, cartas e silêncios, promessa e Internet. Amor de rejeição, de trégua, de luta, de busca. Amor sem jeito e enfeitado. Amor rasgado e desfigurado. Cheio de cicatrizes e, ao mesmo tempo, tão saudável!

Os olhares diziam palavras embrulhadas em lágrimas contidas que lavavam a alma. Todos amando muito, amando mal, amando dentro.

E a dor do nunca mais, do acabou, estava estampada em cada uma das narrativas como lacre ainda quente fechando um envelope. Almas encurraladas no fundo do espelho. Sonhos despencando no poço sem fundo da desilusão. Tentar agradar e fracassar, esperar em vão, querer e não ser querido. Enfim, sofrimentos já latentes em vidas jovens, recém começando.

E o resto? E o continuar da trajetória? Onde se alicerçar a esperança de descobrir a alegria, a suprema ventura do encontro com a cara metade? Que dizer a esses corações sobreviventes dos terremotos de afeições desmoronadas? Como afirmar que o bom da festa é esperar por ela, se o fim já aconteceu?

Lidar com o desencanto é como tentar equilibrar o ar em meio ao vendaval. Consolar o desiludido é difícil porque o cristal trincado nunca mais será o mesmo. Traz em sua silhueta o estigma da marca do que deixou de ser. A saudade riscou o cálice com um punhal de diamante e o encheu de pranto.

Nessa noite, aprendi que o muito que vivi é o tanto que já viveram esses moços e moças num entrelaçar de sentimentos iguais, alheios ao tempo e a idade. Meros detalhes. Trocas de experiências, de segredos quase idênticos que filtram o já vivido e enriquecem o que está por vir. Todas as histórias numa só, apenas mudam os personagens.

No plano dos afetos as situações se repetem com variações peculiares, mas todas têm o mesmo denominador comum: a busca da realização pessoal numa relação interpessoal, falível ou não. Pouco importa. O que vale é viver a experiência, é se expor ao que der e vier.. Pois com todos os riscos daí decorrentes, ninguém abre mão de experimentar a chance de ser feliz.

- “Há sempre a perspectiva de acertar”, os mais jovens me ouviram afirmar com convicção. E sorriram, concordando.





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