26 agosto 2010

CLIMA

O frio se esgueira pelos raios do sol tímido na manhã e se instala como um poderoso senhor, modificando hábitos e determinando adaptações. Há que se acomodar aos fatores climatológicos da melhor forma possível e dentro das condições que estão ao próprio alcance.



O clima está tipicamente configurado, vento gelado, chuva contínua e temperaturas baixas. Inverno no sul do Brasil.

E por falar em Brasil, me acomete um pensamento com relação a riqueza de gírias tão peculiares a nossa língua com expressões que servem como uma luva para qualificar situações.

Clima é uma delas. Clima de romance, por exemplo.

É preciso “rolar um clima” nas relações. Clima de amizade, clima de confiança, de intimidade, de atração.

O indivíduo tinha todos os requisitos para ser um parceiro e tanto, mas não surgiu o “clima”. A garota era tudo o que se queria, porém, na primeira conversa o “clima não pintou”.

E assim por diante, os encontros se espatifam em cacos no primeiro contato se as condições não oportunizarem a afinidade. Tem que acontecer o clima ideal. O mesmo ocorre quando se trata de clima tempo, em que os fenômenos da natureza influenciam e convergem para uma adequação, caso contrário, ficamos expostos às intempéries incômodas e desconfortáveis.

Para o “rolar um clima”, afinidade é um detalhe relevante de importância no tu e eu, no nós, sem nós pelas costas. No entanto, não é só de sintonia que se alimentam nossas relações de amor. Preciso é ter a sintonia para ajustar vontades, interesses, silêncios, sussurros.

E não há culpas quando não acontece o tal clima porque afinidade é mistério, é uma corrente de forças, de energias que alheias ficam ao nosso controle. Acontece e pronto. Independe de tempo e de espaço. ) O clima é avesso a vontades. Podemos querer muito que se realize o clima na conversa, no jantar, na dança. Mas, o querer muito, não é suficiente. O clima é espontâneo.

Desconheço ponte capaz de ligar uma margem à outra quando, simplesmente, não há clima entre duas pessoas. Um abismo intransponível se constata entre um lado e outro

Quando a gente se encanta por alguém é de um momento para o outro. O cérebro fica como que amortecido e os sentidos sobem á tona para tomar fôlego. Aliás, o clima é de tirar o fôlego.

E tal clima afinidade de almas é requisito básico para uma relação nascer. O resto é sentimento de perda, é escuridão, é frustração, é costume. É inverno frio, chuvoso e sombrio.

Abstraindo o clima tempo gelado, aqueço o coração com as lembranças de um tempo em que me era dado abraçar fortemente o meu pai não só em agosto, mas em todas as oportunidades, no clima de amor incondicional que existia entre nós e que, apesar da ausência que a morte impôs, ainda permanece.

A todos os PAIS que lêem essa página desejo um abraço assim: permanente, hoje e para além do tempo.

Nenhum comentário: