16 setembro 2010

EQUILIBRISTA


Nome algum se apropria tão bem à esperança quanto a palavra equilibrista. Como bem expressou João Bosco na canção: “A esperança equilibrista anda na corda bamba de sombrinha”.

Essas esperas nossas de cada dia vivem tentando manter o prumo penduradas na possibilidade do vir a acontecer.

A esperança de que tudo vai melhorar, de que o emprego tão necessário vai surgir, de que após anos de estudo, vamos nos realizar na profissão, de que a solidão encontre companhia, de que o sossego se desassossegue, esperança de ganhar na loteria, de que a dor passe, de que as pequenas alegrias se conservem em “banho-maria”.


Alguns dizem que esperança tem muito a ver com otimismo. E os pessimistas se aglomeram a justificar que ter esperanças é nulo e vão.

Esperança vem agregada à alma da gente como dom. Muitos a tem sempre presente. Outros não a possuem e nem dão espaço para que ela se esgueire pelas frestas do tempo de viver.

Porque ter esperanças é postura de bravos e fortes. Gente que vê o que está nas entrelinhas, que segue a intuição, que acredita que o melhor ainda está por vir. Gente simples que tem nos olhos o brilho constante dos que procuram pela paisagem mais bonita na curva da estrada. Gente que não perde a fé mesmo na adversidade. Gente que caminha equilibrando num fio de aço à esperança do sorriso que há de vir.

A esperança nos mantém suspensos no espaço, na escuridão do desconhecido, tateando a face do sonho, suavemente, para que ele não fuja, não mergulhe no abismo. Esperança é tal qual aquela luz de vela que brilha no casebre no meio do campo em noite de sombras, tremula, balança, mas continua a iluminar, a pontuar como um farol, a certeza de que vamos alcançar o que desejamos. A esperança é o que nos aquece e nos move na direção das metas, na concretização dos nossos planos.

A esperança é arisca, por “dá cá aquela palha” ela perde o equilíbrio e se dilui como fumaça ao vento, pois, manter a esperança é um desafio constante. Perdem-se as ambições, os desejos, mas não se pode perder a esperança de reencontrá-los.

Até o fim, temos que nos agarrar à esperança. Ela é, sem dúvida, a tábua de salvação. Sem ela, ficamos à deriva, expostos ao revés, ao infortúnio, despojados de qualquer armadura que nos proteja.

A esperança equilibrista é a melhor aliada nos passos que damos de manhã à noite.

Enquanto houver em nós a esperança de que o bom e o melhor acontecerão quando menos esperarmos, confirma o velho ditado: “A esperança é a última que morre”.

Na verdade, temos o hábito de substituir esperanças, portanto, se uma morre, nasce outra em seu lugar.

“Dança na corda bamba de sombrinha, a esperança equilibrista”. Viver nada mais é do que equilibrar esperanças no desejo de que o que queremos aconteça o mais rápido possível.

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