Conheço
algumas. Mulheres que não fogem à luta e encaram a vida no seu cotidiano com a
cara e a coragem.
Mulher guerreira nasce com marca
registrada em qualquer tempo ou lugar, sem previsão ou planejamento, pouco importando
sua origem ou condições de vida. E, apesar disso, paga um elevado preço por ser
diferencial.
Mulher guerreira olha nos olhos,
estabelece territórios, conquista espaço. Ela não se faz de paisagem, responde
quando lhe interrogam, participa e partilha com toda sua essência e detesta o
silêncio furtivo.
Mulher guerreira incomoda, desacomoda, desmascara.
Mulher guerreira desassossega o "talvez", afirma o "sim",
garante o "não". Ela não usa
meio-termo, meias palavras. Busca o ilimitado da alma em cada gesto ou palavra
no seu convívio com os demais.
No mais das vezes, a mulher guerreira é
solitária e, assim, caminha através de campos minados, de rios caudalosos, de
íngremes cordilheiras, de áridos desertos.
Mulher guerreira é emoção desfeita em
lágrimas, é grito estrangulado na garganta, é feita de carne e osso, forjada em
aço resistente as intempéries.
Mulher guerreira colhe flores, planta
árvores, gera filhos, semeia vento e enfrenta tempestades. Desperta o melhor e
o pior de cada um e convive com o bem e o mal, cultivando um e extirpando o
outro.
Mulher guerreira consola. Ela oferece o
ombro, o regaço, o abraço. Enxuga pranto, conserta desencantos, mostra o mapa,
entrega a bússola, revela os segredos, conduz pelos labirintos intrincados do
viver como se isso fosse a mais trivial das tarefas. E vale salientar que
amparo de mulher guerreira é privilégio a ser aproveitado sempre, assim como a
sua intensa capacidade de amar além e através.
Mulher guerreira busca o conhecimento
em qualquer idade, enfrenta desafios constantes. Mulher guerreira é a definição
de desafio em forma de gente. Ela desafia os ventos adversos, as tempestades, a
escuridão da inveja, a falsidade das mentiras. Mulher guerreira é parceira da
verdade; não rouba, não avilta, não compra afetos, não dissimula, não barganha.
Mulher guerreira não alicia tropas com
falsas promessas, nem promete o que nunca irá cumprir. Procura soluções e não
desiste enquanto o irreversível não se apresenta como inevitável. Mulher
guerreira só capitula no último suspiro.
Mulher guerreira nunca proclama suas
qualidades como estandartes de propaganda enganosa. Ela é, simplesmente, quem é
e basta. Por se saber falível, usa cada erro como pedra de alicerce para
embasar seus próximos passos.
Mulher guerreira é o protótipo dos
robôs cibernéticos da era futura. Podem lhe arrancar pedaços, pode ser ferida,
mutilada mas, persevera, teimando em se recompor.
E, da varanda da vida, no tempo do
ocaso, a visão da vastidão do acervo conquistado se mescla no horizonte com o
esmaecer do sol que adormece. Amanhã será outro dia. A mulher guerreira
despertará com a peculiar energia, que nasceu com ela, e se porá a campo em
busca de novas missões a cumprir.
Mulher guerreira desconhece a busca
pelo tempo perdido porque evita deixar para depois o valor do aqui e agora.
Maria Alice Estrella
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