14 outubro 2013

TRIBUTO ÀS CRIANÇAS

    
         Ser criança é estar de mãos dadas com a vida na melhor das intenções. É acreditar no momento presente com tudo o que oferece, é aceitar o novo e desejar o máximo.
      Ser criança é estar em constante estágio de aprendizado, é querer buscar e descobrir verdades sem a armadura da dúvida.
         Ser criança é ter um riso franco esparramado pelo rosto, mesmo em dia de chuva, é adorar deitar na grama, ver figuras nas nuvens e criar histórias. 
         Ser criança é colar o nariz na vidraça e espiar o dia lá fora.  É gostar de casquinha de sorvete, de bolo de chocolate, de passar a ponta do dedo no merengue recém batido.      
         Ser criança é acreditar, esperar, confiar.  E é ter coragem de não ter medo.
         Ser criança é saber embrulhar desapontamentos e abrir caixinhas de surpresas.
        Ser criança é ter sempre uma pergunta na ponta da língua e querer muito todas as respostas.

     Ser criança é misturar sorvete com televisão, computador com cheiro de flor, passarinho com goma de mascar, lágrimas com sorrisos.
         Ser criança é habitar no país da fantasia, viver rodeado de personagens imaginários, é gostar de quem olha no olho e que fala baixo.
         Ser criança é gostar de ver passarinhos tomando banho em poças de água e detestar a hora de ir para a cama.
         Ser criança é cantar fora do tom e dar risadas se alguém corrige. 
         Ser criança é ser capaz de perdoar e anestesiar a dor com uma dose de sabedoria genuína e peculiar.
         Ser criança é andar confiante por caminhos difíceis e desconhecidos na ânsia de desvendar mistérios.
         Ser criança é gostar da brincadeira, do sonho, do impossível.  Ser criança é saber pouco e poder muito.
         Ser criança é detestar relógios e compromissos.  É ter pouca paciência e muita pressa.
         Ser criança é saber criar no invisível a transparência do real e conseguir dançar conforme a música.
         Ser criança é olhar o céu para contar estrelas em noite clara de verão e misturá-las a vaga-lumes brilhantes.            
         E ser criança é, também, ser o adulto que nunca esqueceu da criança que foi um dia.  O adulto que consegue se reencontrar com a criança que, ainda vive no seu íntimo e mais precioso território.   Aquele pedaço que justifica todos os percalços e que dignifica todos os tropeços.   A ingenuidade restaurada no cotidiano e que o transforma em herói ao reler as histórias de sua própria vida, narradas pela criança que o abraça, nas entrelinhas de um tempo que esqueceu de envelhecer. O tempo do princípio, da origem, da própria essência.
         Para a criança que cada um de nós carrega no coração, é que rabisco essas linhas.  Em homenagem a essa presença indelével que permanece em todos nós, apesar de, em muitos instantes, ser relegada a habitar sótãos e porões de esquecimento, escrevo um tributo de agradecimento.

         Sem ela teria sido muito mais difícil a caminhada ao aqui e agora.

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