Um dos poemas que escrevi foi citado por alguém numa roda de conversas ao entardecer em plena Feira do Livro, onde as letras se reúnem para encanto de todos.
Fui buscá-lo em meus arquivos para relê-lo porque tenho grande dificuldade em memorizar as minhas poesias. Depois que as escrevo, as guardo em algum desconhecido compartimento e chego até a esquecê-las. Ingrata que sou comigo mesma.
Pois aqui segue o poema:
O avesso da chegada não é a partida, é a separação.
O avesso da presença não é a ausência, é a saudade.
O avesso da solidão não é a companhia, é a partilha.
O avesso do longe não é o perto, é o junto.
O avesso da luz não é a sombra, é o opaco.
O avesso do nunca não é o sempre, é o contínuo.
O avesso do provisório não é o duradouro, é o permanente.
O avesso da distância não é a proximidade, é constância.
O avesso da lágrima não é o riso, é a estiagem.
O avesso de mim não é a face no espelho, é o rosto transparente.
O avesso de mim não é a lembrança do que não fui, é a certeza do que serei.
O avesso de mim são as memórias costuradas do lado de dentro da pele.
O avesso nada mais é do que o outro lado da moeda. O reverso da medalha.
Tudo aquilo que se vai coletando e colecionando. Os sentimentos, os momentos, as experiências, as paisagens, o dia-a-dia vivido na rotina e no sobressalto. Tudo compõe o negativo da foto que só revelamos a nós mesmos. O avesso da costura invisível que confeccionamos com linha e agulha, com suavidade e aspereza. Porque muitos dos avessos são feitos de risos e de lágrimas numa concomitância imprevisível e desconcertante.
Já ouvi falar que, muitas vezes, é impossível diferenciar o lado avesso do direito, de tão bem feitas foram as costuras e o acabamento. Isso, em se tratando de variados tecidos. No que diz respeito à pele, fico temerosa em fazer a mesma colocação.
Comumente, no avesso da pele ficam imperceptíveis os pespontos, mas há cicatrizes tantas, impossíveis de esconder.
Por fora ninguém percebe que no avesso há silêncios e solidão, pois só ousamos despir a pele para nós mesmos no indevassável espaço onde é proibida a entrada de estranhos ou conhecidos. E no fundo somos todos avessos solitários, ostentando, na superfície, sorrisos em máscaras de disfarces como se a vida fosse um baile à fantasia.
E isso se deve a capacidade que a maioria dos mortais possui. A tenacidade de enfrentar o revés, a adversidade, o outro lado de cada situação, transformando em traje de gala, os farrapos que estão no avesso.
Fui buscá-lo em meus arquivos para relê-lo porque tenho grande dificuldade em memorizar as minhas poesias. Depois que as escrevo, as guardo em algum desconhecido compartimento e chego até a esquecê-las. Ingrata que sou comigo mesma.
Pois aqui segue o poema:
O avesso da chegada não é a partida, é a separação.
O avesso da presença não é a ausência, é a saudade.
O avesso da solidão não é a companhia, é a partilha.
O avesso do longe não é o perto, é o junto.
O avesso da luz não é a sombra, é o opaco.
O avesso do nunca não é o sempre, é o contínuo.
O avesso do provisório não é o duradouro, é o permanente.
O avesso da distância não é a proximidade, é constância.
O avesso da lágrima não é o riso, é a estiagem.
O avesso de mim não é a face no espelho, é o rosto transparente.
O avesso de mim não é a lembrança do que não fui, é a certeza do que serei.
O avesso de mim são as memórias costuradas do lado de dentro da pele.
O avesso nada mais é do que o outro lado da moeda. O reverso da medalha.
Tudo aquilo que se vai coletando e colecionando. Os sentimentos, os momentos, as experiências, as paisagens, o dia-a-dia vivido na rotina e no sobressalto. Tudo compõe o negativo da foto que só revelamos a nós mesmos. O avesso da costura invisível que confeccionamos com linha e agulha, com suavidade e aspereza. Porque muitos dos avessos são feitos de risos e de lágrimas numa concomitância imprevisível e desconcertante.
Já ouvi falar que, muitas vezes, é impossível diferenciar o lado avesso do direito, de tão bem feitas foram as costuras e o acabamento. Isso, em se tratando de variados tecidos. No que diz respeito à pele, fico temerosa em fazer a mesma colocação.
Comumente, no avesso da pele ficam imperceptíveis os pespontos, mas há cicatrizes tantas, impossíveis de esconder.
Por fora ninguém percebe que no avesso há silêncios e solidão, pois só ousamos despir a pele para nós mesmos no indevassável espaço onde é proibida a entrada de estranhos ou conhecidos. E no fundo somos todos avessos solitários, ostentando, na superfície, sorrisos em máscaras de disfarces como se a vida fosse um baile à fantasia.
E isso se deve a capacidade que a maioria dos mortais possui. A tenacidade de enfrentar o revés, a adversidade, o outro lado de cada situação, transformando em traje de gala, os farrapos que estão no avesso.
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