26 dezembro 2010

COLAGENS

Colagem, segundo a pesquisa que fiz, é a composição feita a partir do uso de matérias de diversas texturas, ou não, superpostas ou colocadas lado a lado na criação de um motivo ou imagem. Ela é uma técnica não muito antiga, criativa, fascinante, utilizada fartamente na atualidade e que tem por procedimento juntar numa mesma imagem outras imagens de origens diferentes.



Colagens internas são comuns nesse período de festas de final de ano, mesmo que passem ao largo do concreto e do palpável e nem sejam perceptíveis a olho nu.


Pois, exatamente, motivada pela chegada do Natal, ao invés de montar um pinheiro com ornamentos, luzes, guirlandas, resolvi elaborar uma colagem de fatos e fotos. Separei uma folha de cartolina branca, recortei imagens de lugares especiais, juntei retratos de todos que amo desde que nasci e, também, de tantos que se juntaram a minha caminhada atual, montei figuras assimétricas com cenas de muito tempo no devaneio que permito a mim mesma. Cenas recortadas da memória de muitos natais, de épocas de casa cheia, de mesa farta, de sons amados nas orações murmuradas e nas canções entoadas de braços dados e olhos cheios de lágrimas numa emoção transbordante de afeto, de fé, de ternura.



Tempo de natal mexe com o que de melhor e mais profundo habita em cada um. Mistério que se renova, que não cansa de se repetir como nas luzes coloridas que piscam insistentemente por dentro e por fora das almas.


Na minha colagem há uma confraternização de mãos entrelaçadas com amigos distantes que foram tão próximos, amigos próximos que ficaram tão distantes. E pai e mãe, sorrindo por entre retratos, numa ausência sentida e plena de saudade, filhos me estendendo em gerações, transmitindo em cadeia hábitos e costumes perpetuados em acalantos suaves quase em reverência.


E se eu encosto o ouvido na folha de colagens, murmuradas palavras de bons augúrios, de desejos sinceros de paz, de vitórias, de renascimento brotam em seqüência numa frequência modulada, acariciando meus sentidos.


Montagem feita com carinho e zelo no tear do tempo de ontem e de hoje, misturando o que passou e o que está por vir como se as camadas das horas não passassem de meros detalhes e entalhes. A moldura é do tamanho da alma, ali onde os sentimentos se amontoam como tesouros adquiridos, oriundos de presentes recebidos desde o primeiro Natal. Natal sem presente palpável embrulhado em papéis festivos. Natal em que o presente é estar vivo (a), bem ou mal, respirando o ar da liberdade, firmando os pés na esperança, unindo as mãos com fé, abrindo os braços com amor, para o amor e pelo amor.


Está muita bonita e bastante expressiva a colagem que estou, ainda, montando para essa próxima noite de Natal. Velas acesas, asas de anjos invisíveis a farfalharem na serenidade como brisa de ventura, invadindo o corpo, a alma e a colagem. A alegria que espontaneamente se sobrepõe a possíveis tristezas dá o toque de arte final.


No improviso do inédito me encanto com a substituição de uma árvore de Natal por um painel de colagens. O Natal nunca perde o sentido, mesmo vestido de outro jeito, porque o Menino nasce e renasce no íntimo de todos os que crêem e dispensa roupagens. Só precisa do calor de cada coração.


FELIZ NATAL para todos!













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