26 dezembro 2010

PORTAS



Terminei de ler um dos livros da Lya Luft: Múltipla escolha. Uma das assertivas da autora me tocou fundo, talvez pela proximidade do final de mais um ano, quando se pensa e se repensa no significado da vida com mais atenção e cuidado.

“A vida é uma longa construção. Construção de emoções positivas, com porões de tristezas e um sótão de decepções, mas a sala e os quartos arejados, com portas que podemos abrir para que se revele o que ainda virá em seguida e vai se desdobrar.”

Beleza de imagem. Portas que esperam ser abertas em sala e quartos arejados.

Pois que, em 2011, abram-se as portas para o que há de vir.
A porta da abundância de compreensão com os limites do que nos cerca sem esperar mais do que possa ser dado.
A porta da coragem de ir atrás do que se deseja sem medo de arriscar.
A porta da ternura transbordante para além de datas especiais no cotidiano rotineiro.
A porta do conhecimento, buscando entender melhor o torvelinho das relações humanas.
A porta da paciência para aprender a esperar que o melhor ainda esteja por chegar.
A porta da esperança de poder ver as gerações da família crescerem em sabedoria e estatura.
A porta da percepção sensorial para entender o silêncio das frases não ditas, dos gestos desfeitos, do afeto interrompido, do descaso e das omissões que acontecem a cada dia.
A porta do reconhecimento por todos os que ajudaram na travessia do ano e que merecem agradecimentos sinceros para que não se sintam descartáveis e postos de lado quando não são mais úteis.
A porta da humildade para entender que o recalque, a inveja e a revolta são amarguras dispensáveis e desnecessárias. Essa porta auxilia no perdão, na reconciliação e nos poupa de doenças e males.
A porta inaugural que escancara as oportunidades de esquecer o passado, sem remorsos, sem culpas, sem julgamentos e retomar a estréia de mais uma chance.
A porta da verdade que impede cochichos, fofocas, hipocrisia, manipulação e falcatruas dissimuladas e que deslumbra a autenticidade.
A porta da maleabilidade tão indispensável para contornar dissídios, brigas, cobranças indevidas, adaptações ao bem e ao mal que rodeia todos.
A porta do equilíbrio para não agir e reagir sem o uso do bom senso e da estabilidade afim de que as atitudes e as palavras obedeçam a um padrão idôneo e coerente, evitando as oscilações de humor e, porque não dizer, o desequilíbrio perigoso a que se expõem os que perdem as rédeas da própria vida por “dá cá aquela palha”.
A porta da ação que une o pensamento ao gesto porque “a preguiça é a mãe de todos os vícios” e a inércia tem jeito de morte.
A porta do amor a si mesmo, que permite amar aos outros com sabedoria, fortalecendo o que já existe e cultivando o que se desdobrará em bençãos.
A porta da alegria que é uma espécie de postura, de abertura para a elevação do humor e, produz uma sensação de bem-estar, que desliza veloz pela corrente sanguínea e extravasa pela alma.
A porta do discernimento para separar o joio do trigo e poder, assim, avaliar cada momento como se fosse o primeiro instante do resto da vida, colocando nele o que de melhor temos e somos.
A porta do ano de 2011 está bem na frente dos nossos olhos cheios de expectativas promissoras, colocadas bem ao alcance para proveito de cada um e desafio para todos.
Pode entrar 2011. A casa é sua, é nossa é de quem quiser, quem vier!

Um comentário:

Penélope disse...

E sempre estaremos a repensar sobre o significado da VIDA...
pois é isto que nos impulsiona a VIVER - este total e absoluto mistério...
Um abraço