Hoje
é véspera. O dia que antecede a poesia
de mais um aniversário. Porque aniversário, para mim, é festa de palavras e
gestos, de música e de luz. Gosto muito do dia que celebra o meu nascimento,
num intimismo ingênuo e franco. Gosto de comemorar comigo mesma a memória de
todos os anos que antecederam a este como se eu estivesse tecendo um lenço
colorido no tear da existência ao longo do tempo. E é assim que me vejo,
deixando voar ao sabor do vento todas as nuances de um arco-íris como pássaros
multicores numa dança movida pelo som de canções que compuseram para mim, sem
mesmo saberem que era para mim que criavam letra e música.
Essa mania de gostar do próprio
aniversário deve ser influência dos astros, da atmosfera, do paralelo 30, no
dia, hora e local que nasci. Tudo isso e muito mais, que desconheço, e acho
melhor deixar assim no plano do intangível.
Tenho uma amiga que diz: - Você faz a
festa sozinha, ilumina a sala, enche de balões, canta e assopra a velinha de
olhos fechados, desejando um presente especial, sorrindo e batendo palmas. De
onde você tira tanta alegria, menina? (Ela ainda me chama de menina).
E, talvez, aí resida essa disposição toda. O
simples fato de que me sinta uma menina com a alma à prova de intempéries, de
quem passou por vendavais e tempestades, que naufragou, mas que veio à tona
buscando respirar e se inspira nos tropeços e nas conquistas para traçar a rota
dos caminhos que pretende percorrer sempre com a disposição de inaugurar horizontes.
Aliás, horizonte é uma imagem
característica da região geográfica em que me aquerencio. Essa visão longa e
interminável que se estende até a linha do céu e da terra e vai mais além no
campo fértil da imaginação.
Meu passatempo favorito nessa data é o
de soltar a poesia peito afora e criar momentos de sublime reflexão, inventar
cenários, me debruçar sobre emoções, liberar os medos e desprender a fita da
inauguração na sensação única de saber-me renascendo.
E, na verdade, dia de aniversário é horizonte,
é céu aberto, é arco-íris, é borboleta. É um dia de luz e uma noite de estrelas
que a memória congela na prateleira das lembranças. É a própria lembrança, dádiva constante desde
o nascimento.
Aniversário é o presente que a
existência entrega num pacote preparado por mãos invisíveis. Aniversário é
desembrulhar as tristezas e as alegrias e misturá-las até ficarem no ponto de
calda.
Aniversário
é juntar saudades e é estreitar distâncias. É chegar perto, é estar do lado de
dentro, é “fazer de conta” que todos estão, de novo, em volta da mesa. É a celebração particular num tributo ao
tempo que encadeou as horas e confeccionou a colcha de recortes e retalhos de
cada dia.
Aniversário
é abraço forte, é lágrima nos olhos, é encontro do que passou com o que, ainda,
está por vir, é muita vontade de viver para poder repetir tudo outra vez no
próximo aniversário.
Um comentário:
Desculpe querida, não havia visto este post :( Serve um feliz aniversário atrasado, te desejando toda luz, paz e amor do mundo?
Beijão!
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