Há que envelhecer, mas sem perder a jovialidade!
O passar da vida vai acrescentando aprendizados, experiências. Amolda
nosso íntimo como se fosse um oleiro trabalhando no barro. Aguça nosso ponto de vista, colocando lentes argutas
ao nosso alcance. Desfaz encantamentos, refaz planos, vira e revira sentimentos
e vivências. Modifica nossa fisionomia, traçando linhas e marcas no rosto, como
se fossem mapas de rotas percorridas que desenham paisagens descobertas em meio
a dias ensolarados e a noites de tempestades. E o corpo cede às intempéries também. A
energia se desgasta e nos move mais lentamente. Tudo conspira para que o
cansaço nos vença e cause desânimo e perda de entusiasmo.
Comecei a observar as pessoas da minha geração em seus comportamentais.
Homens e mulheres que paralelamente me acompanham desde muitos anos e que mostram
aspectos diversos de ações e reações frente à realidade de seu dia a dia.
Alguns, infelizmente, “perderam o jeito de sorrir que tinham”. Apesar de
seus cinquenta e poucos anos de idade, permitiram que o passar do tempo
corroesse sua vitalidade com um tipo de ferrugem invisível, mas de igual forma,
danosa. A impaciência, a impertinência e a rabugice são mais frequentes do que
o desejado. Esqueceram de reabastecer a
alma com o inesgotável combustível da jovialidade. E se transformaram em alvo
de uma solidão inconveniente.
Outros contemporâneos, raros, mantêm a chama do entusiasmo sempre alta e
a boa disposição constantemente em alerta. Dançam, cantam, ocupam suas horas
com criatividade e alegria. Estão abertos a novas aventuras, novos
conhecimentos, novos afetos, novas chances e oportunidades. Não fecharam a
porta do possível, nem jogaram fora a chave do inatingível. Continuam a buscar
o pote de ouro no fim do arco-íris e perseveram na admiração das estrelas mesmo
quando as nuvens não permitem enxergá-las.
Sabem que elas estão pontilhando o firmamento e continuam a procurar o
brilho que elas espalham.
Esses raros e escassos seres humanos possuem jovialidade. Pura e simples
vitalidade que possibilita o brilho no olhar. É um prazer tê-los como
companhia, como parceiros. Aliás, diz um amigo que nunca se pode perder o
brilho no olhar e muito menos deixar que o sorriso ceda lugar a sisudez.
Ser e permanecer jovial requer prática e habilidade, muito “jogo de
cintura, suficiente “savoir faire” e
“know how”. Evitar a todo custo se
tornar obsoleto. Participar da vida como protagonista e não como espectador.
Longe de pensar que tal atitude é coisa fácil. As contrariedades, as
preocupações, o trabalho árduo no correr da vida trazem consigo doses maciças
de desistências, de “jogar a tolha”, de perdas e danos que desafiam toda a
provável perspectiva de preencher os dias com força e garra. Daí, na maioria das vezes, se deixa de lado o
bom da vida para amargar a lassidão e a inatividade.
Desejo a cada um dos leitores, de todas as idades, que a resolução para
o ano de 2013 seja a de alimentar a jovialidade acima de qualquer outra opção.
Que o espírito jovem encontre asilo em seu íntimo e guarneça os dias com cores
múltiplas de bem-aventuranças.
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