Alguém o imaginou e o Sonho criou
vida. Cheio de vigor e alvoroço se
instalou de malas e pacotes na morada de quem o idealizou, louco de vontade de
acontecer.
Mas o tempo foi passando e o Sonho
ficou vagando pela casa, esperando que o tornassem real e palpável. No entanto, só se lembravam dele, vez ou
outra, quando era utilizado nas noites frias em que seu criador precisava de
companhia para sua insônia.
O Sonho sentia-se como um chapéu velho,
abandonado, de pouco uso. Pobre Sonho!
De resto, conhecia bem as prateleiras
empoeiradas do armário antigo, onde vivia escondido por entre livros fechados e
silenciosos. E as fotografias dispersas,
plasmadas em porta-retratos emudecidos com sorrisos estáticos e distantes,
pareciam um cortejo de tristeza ao seu redor. Um tédio lento e gradual foi se
apossando do Sonho.
No cinzento do cotidiano, aquele que
o concebeu não o encontrava porque não conseguia enxergar com a alma a presença
constante e fiel do que ele próprio criara na sua juventude.
O Sonho estava sendo esquecido. E, afinal, ele era um Sonho especial que
precisava ser sonhado.
Sonho não é coisa que se relegue, nem
se deve guardar em gaveta para amarelar e envelhecer. Sonho é para vestir pela cabeça, enfiar os
braços pelas mangas, colar no peito como camiseta colorida de time de futebol
em pleno campeonato. Sonho não se empacota,
não se envelopa porque mofa. E cheiro de Sonho mofado é insuportável.
Uma vez criado, o Sonho se torna
insubordinado, não admite controle e fica sempre com a cara colada na vidraça
da vida da gente em inteira e estática expectativa.
O Sonho é fértil, tem necessidade de
se perpetuar, de procriar. Tem asas como
as de uma borboleta, de um colibri, em perpétuo movimento.
Nunca, em tempo algum e sob qualquer
circunstância, se deve deixar de lado a um Sonho idealizado. Abra gavetas, procure por entre papéis,
vasculhe seus pensamentos e redescubra aquele Sonho que ficou em exílio na sua
vida.
Quase sempre se deixa para depois o
Sonho que precisa ser desvendado agora. Abandoná-lo ao ostracismo é um ato de
covardia que deixa sequelas irreversíveis O adeus ao Sonho tem gosto de nunca
mais, de amputação, de perda.
Portanto, busque o seu Sonho para
concretizá-lo antes que ele parta, lhe abandone ou seja descoberto por um
transeunte atento com desejos de sonhá-lo em seu lugar.
Sonho é uma alavanca que impulsiona, um
objetivo que estimula o cotidiano particular de cada um como um espectador
atento, único e exclusivo. Pertence a quem o imagina e, principalmente, a quem
o realiza. Não perca seu Sonho de vista e ponha mãos à obra para torná-lo
realidade, antes que seja muito tarde.
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