08 outubro 2018

BONITO


Pelas artes e manhas da vida já morei em várias cidades. Porto Alegre, onde nasci; São Leopoldo, Rio de Janeiro, Rio Bonito, São Lourenço do Sul e, atualmente, Pelotas. Cada etapa vivida nesses lugares construiu minha história.
De todas essas cidades guardo gratas lembranças. Cada etapa trouxe (e, ainda, traz) experiências gratificantes.
De uma maneira muito especial, recordo do tempo em que vivi numa pequena cidade do interior do Rio de Janeiro.
Cheguei forasteira, vinda do Sul do Brasil com meus trejeitos e costumes de gaúcha, falando diferente e, mesmo assim, fui me adaptando e sendo aceita como membro da comunidade com a hospitalidade peculiar de um povo que abre os braços para acolher. Bonito isso. Condizendo com o nome dado ao município: Rio Bonito.
Foi lá que meus filhos cresceram. Onde cursaram o jardim da infância e parte do primeiro grau de ensino.
Foi lá que fui premiada pela primeira vez com um poema, lá ensinei balé e ministrei aulas de ginástica rítmica para mais de 100 alunas, lá encontrei com o movimento do Encontro de casais em Cristo e a Renovação Carismática Católica. Sedimentaram-se sementes que até hoje, vez ou outra, frutificam em mim.
O mais bonito de Rio Bonito não se restringe a Serra que a rodeia, nem a proximidade com a região dos Lagos. O mais bonito é que ali me acolheram como se eu fizesse parte da comunidade, desde sempre.  Aceitaram o meu jeito estrangeiro de ser (pois que, gaúchos se tipificam de forma um tanto peculiar), aceitaram minha espontaneidade, receberam a Maria Alice com sua bagagem de outras vivências com a maior naturalidade possível.
Foi lá, também, que comecei amizades que o tempo e, muito menos, a distância não desfez. Amigos queridos que me acompanham no mais íntimo de minhas recordações. Impossível nominar cada um deles no espaço dessa página.
Juntos, rimos bastante, choramos muito, abraçamos, dançamos, trocamos confidências, partilhamos o pão, as dúvidas, os conselhos, as dores e fomos, sem saber, tecendo uma rede de laços intensos e definitivos. Sem dúvida, permanecemos orando intensamente uns pelos outros em intercessão firme e forte.
Pode ser que muitos não saibam do significado de cada um na minha vida. Talvez eu nunca tenha verbalizado o quanto foi boa tal convivência.  E lágrimas de saudade deslizam pelo meu rosto ao relembrar todos. Saudade grata de um tempo em que fui muito feliz. E as essas amizades devo a alegria de tê-las conhecido e convivido por oito anos, que valem uma vida.
O tempo passou, caminhei por outras estradas e vários horizontes, mas, o contato com meus amigos e amigas, conquistados em Rio Bonito, permanece incólume contra a ação da distância física, graças ao avanço das comunicações via Internet e telefonia celular. Sinais dos tempos a meu favor.
Qualquer dia desses vou voltar.... Sei que ainda vou voltar..., para rever e abraçar a todos que me acompanham no coração no cantinho terno, que irriga as minhas veias com a seiva do bem-querer gratuito, que as artes e manhas de viver me presentearam para adornar lembranças com as pedras preciosas de amizades imperecíveis.

Nenhum comentário: