GANGORRA
Maria Alice Estrella
Gangorra
é um brinquedo a dois. Indispensável em qualquer praça de divertimento mesmo
nas mais modernas.
Atualmente,
a vida está nos colocando numa gangorra. A gangorra de muitas infâncias, de
várias juventudes e até de outras idades posteriores.
Porém,
ao invés de estarmos na companhia de algum parceiro amistoso, do outro lado da
gangorra está um adversário pandêmico.
Faço essa associação imediata, quando medito
sobre a realidade dos dias de hoje, com o que está acontecendo dentro e fora de
nós.
Estamos
descendo e subindo conforme o impulso que conseguimos dar para o alto, enquanto
do outro lado vem o impacto do vírus que nos coloca para baixo.
As
reações que ocorrem no nosso íntimo oscilam entre o otimismo e o pessimismo,
entre o medo e a coragem, entre a derrota e a vitória.
Cada
dia que amanhece e nos desperta sadios é um ganho. E a noite nos espreita em
silêncio na incerteza do amanhã.
A
gente quer encontrar o equilíbrio em meio ao caos que balança nossa alma.
Tentamos lutar contra a ansiedade, querendo que o tempo avance em direção a
conquista da liberdade de ir e vir, incólumes, protegidos, vacinados.
Ninguém
está passando por toda essa catástrofe livre, leve e solto. Estamos todos numa
arca, tal qual a de Noé, no dilúvio avassalador de um vírus que se multiplica e
se replica, ameaçando o planeta Terra.
Todas
as faixas etárias da humanidade estão no mesmo barco sob o jugo desse algoz que
veio desagregar e desestruturar o cotidiano em que estávamos inseridos, sem a
ameaça dessa contaminação invisível e mortal.
Uma
guerra silenciosa se desenrola indiscriminadamente. Inexistem abrigos contra os ataques que
chegam através de gotículas nocivas. As proteções de que podemos dispor são
quase as mesmas de um século atrás: as máscaras e o distanciamento.
E
me pergunto onde e como evoluiu a civilização.
E
respondo a mim mesma que evoluímos na área das pesquisas dos cientistas que são
aptos a elaborar os antídotos para nos proporcionar imunidade e, de igual
forma, evoluímos nos estudos da área da medicina que, através de seus dedicados
profissionais da saúde, salvam vidas no front do combate com os cuidados que
estão ao seu alcance. E, também, evoluímos na área das comunicações e da
cibernética, que tornam possíveis o contato visual e auditivo, aproximando
distâncias dos nossos afetos, enquanto aguardamos o contato do toque e do
abraço desejado do fundo da alma.
Estamos
numa gangorra, sem dúvida. Altos e
baixos. Incertezas e esperanças. Solidão
e companhia. Real e virtual.
Melhor
não esmorecer e muito menos perder a bússola da confiança de que chegaremos ao
porto seguro para pisar em terra firme longe do sobe e desce da gangorra de
agora.
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