Cheguei com a alegria na bolsa e um
sorriso nos lábios. Lembro que havia
luz do sol, entrando pela janela e muitos conversavam num entremeio de vozes
misturadas. Dei bom dia e alguns
responderam.
Lentamente, fui sendo tomada por uma
sensação desconfortável, como se o ar estivesse rareando. O desconforto foi crescendo e o meu bom humor
foi se perdendo, exatamente onde, não sei.
Tentei
encontrar uma razão para essa mudança dentro de mim, assim sem mais esse ou
aquele motivo. Virei meus pensamentos
pelo avesso, levantei, caminhei, suspirei.
Nada.
Depois
de ter sido atendida, sai daquele local, com um peso com que não entrara
ali. Estava carregando um mal-estar que
não me pertencia. Porém, se não me
pertencia, por que estava tão entranhado em mim?
Com
o passar das horas fui melhorando e recuperei, com muito esforço, a minha
caixinha particular com as drágeas especiais de alegria. Contagiei-me de novo com a minha
essência. E, consequentemente, encontrei
a resposta que buscava para justificar aquele anterior incômodo: contágio.
Como
é fácil sermos abalados pelo “baixo astral”.
Eu fui exposta a um vírus de mau humor e sofri o contágio. Talvez, por
estar com a “guarda” a descoberto, sem antídoto algum em alerta, me tornei
vítima desse inconveniente.
Sem falar, na tal de competição. Que,
diga-se de passagem, é uma praga endêmica. Haja fôlego para sobreviver à
cobrança de pedágio pelas peculiaridades que nos pertencem e que parecem
incomodar tanto aos outros.
Desagradáveis posturas que alguns tomam
para tentar desestabilizar nossa íntima harmonia como se os nossos talentos
fossem ameaças.
Pois que, nunca nos invejam quando
estamos sofrendo, ou frágeis, ou em desvantagem. Invejam-nos por detalhes: o
modo de sorrir, o jeito de falar, a maneira de caminhar, o brilho no olhar, a
coragem de ser. Detalhes que compõem nossa silhueta visível e o semblante
invisível, também.
Constato
que essa situação vivenciada por mim, não é um privilégio exclusivo. Somos todos vulneráveis ao contágio tanto do
desagradável quanto do agradável e nos deixamos envolver independente de nossa
vontade. A diferença é que o mal
contagia muito mais rapidamente do que o bem. E existem muitos vírus perigosos
à solta por aí: depressão, pessimismo, grosseria, desânimo, inveja.
As
coisas bonitas na vida nos contagiam também, por certo. Uma face de criança, um canto de passarinho,
a chuva na roseira, o gesto de carinho, um cartão de acolhida, um sorriso
sincero, um olhar amoroso. Frequentemente, o cotidiano me
surpreende, também, com situações encantadoras e me contagio indisfarçavelmente
com o belo.
Entretanto,
para aquele outro tipo de contágio, sempre é de bom proveito encontrar um modo
de imunização temporária (porque imunização permanente, para isso, não existe),
no caso de se pressentir a proximidade de um vírus negativo.
Usando
o bom humor em doses maciças como vacina para um contágio indesejado com muita
valentia e carregando uma dose extra de otimismo, vou tentando driblar esses
rápidos invasores que aparecem para nublar o meu dia. Fico
prevenida e de olhos bem abertos. Espero
que seja: tiro e queda. (a meu favor, é claro!).
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